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Conheça um grupo super animado de jovens que trabalham, estudam, namoram.
O que há de particular nessa história? Eles são portadores da síndrome de Down.
Essa turma está de partida para Nova York, para lançar um livro na ONU.
´A gente tem que falar´, afirma o auxiliar administrativo Thiago Rodrigues.
´A gente mesmo falar por si. E não outros falarem por você´, acrescenta a auxiliar administrativa Carolina de Vecchio.
O discurso está na ponta da língua. ´As pessoas não deviam falar pela gente. Deviam dar a chance de a gente falar, de optar, de escolher, de querer, de correr atrás. É isso que a gente quer mudar´, defende a apresentadora de TV Ana Beatriz Paiva.
Para mudar, um grupo de jovens com Síndrome de Down resolveu escrever um livro. O grupo, que criou o manual de acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual, se reúne em São Paulo. Eles contam como surgiu a ideia.
´Essa ideia surgiu do nosso grupo, que quis mostrar para a sociedade que nós também temos voz, queremos conquistar coisas´, explica Ana Beatriz.
No manual, eles explicam como facilitar a comunicação com pessoas com deficiência intelectual.
´Nós precisamos de acessibilidade, de pouca escrita, pouca imagem, falar pouco, devagar para a gente entender. Acessibilidade é isso´, resume Thiago Rodrigues.
´O nosso ritmo é diferente do ritmo dos outros. E é muito difícil para os outros perceberem que o nosso ritmo é diferente´, diz Ana Beatriz.
Agora o projeto vai levá-los à sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.
´É a realização de um trabalho que a gente fez junto, com empolgação, com alegria, com vontade de passar para as pessoas a informação da acessibilidade, mostrar para as pessoas que nós existimos no mundo. Nós vamos representar o Brasil em Nova York! Na ONU!´, exclama Ana Beatriz.
Bia vai ser a representante do grupo em uma conferência organizada pela ONU para celebrar a criação do Dia Internacional da Síndrome de Down, na próxima quarta-feira (21). A data vem sendo lembrada por 60 países, mas agora entra para o calendário oficial dos 193 membros da organização.
´Não existe limite dessas pessoas. Eles que vão colocar o limite deles, não a gente´, detalha Glória Moreira Salles, presidente da associação Carpe Diem.
Thiago trabalha há sete meses em uma grande empresa do setor de agronegócios.
´Entregar correspondência, separar notas de produtos, ajudar a parte de financeiro no computador: essa é a minha rotina. Esse é meu trabalho´, conta Thiago.
Para os colegas e os chefes, Thiago faz muito mais do que isso.
´Melhorou o ambiente de trabalho, melhorou a convivência das pessoas, melhorou a forma de as pessoas encararem a vida. Você sente que ele faz as coisas com prazer´, diz o diretor jurídico Cristiano Soares Rodrigues.
A artesã Katrin Ambrosini também capricha no serviço. Ela trabalha em uma cooperativa em Florianópolis que reúne 40 pessoas com deficiência intelectual.
´Eu gosto de trabalhar aqui´, elogia a artesã.
O estudante Gabriel Nogueira, que mora no Rio Grande do Sul, ainda está se adaptando à nova rotina.
´Eu me chamo Gabriel Almeida Nogueira, tenho 24 anos, moro em Pelotas. Passei para a universidade daqui de Pelotas. De teatro. E agora eu vou mostrar um pouco da minha vida´, anuncia o estudante. ´O meu pai é artista plástico. E agora vou mostrar meu caderno da faculdade, que eu peguei ontem. É a história do teatro´, continua.
Gabriel divide o campus com a irmã. ´É a Isabela. Ela está no curso de jornalismo. Entrou na mesma faculdade que eu´, diz.
Com a câmera na mão, faz questão de apresentar a namorada e de mostrar os novos colegas de faculdade.
´Meu maior sonho? Um sonho eu já realizei entrando na faculdade. Agora meu maior sonho é ter uma carreira profissional, criar uma família também, pagar as contas´, revela Gabriel.
O sonho de Carol e dos jovens que vão à ONU está bem perto de se realizar. As malas estão quase prontas.
´Eu estou levando um casaco e outra coisa para enrolar no pescoço, se precisar´, diz.

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