segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Estudantes de medicina vão viver como cegos por um dia

Sem ovos, rosto pintado nem humilhação. Calouros de medicina de Blumenau (SC) decidiram vendar os olhos para enxergar de outro jeito a vida de pessoas cegas.

A ideia partiu de voluntários da Associação de Cegos do Vale do Itajaí (Acevali).

O trote solidário, com 40 estudantes de medicina da Furb (Universidade Regional de Blumenau), ocorrerá na próxima quinta-feira.

Metade dos alunos será vendada ao acordar. Vão tomar café da manhã, trocar de roupa, estudar e conhecer as atividades desenvolvidas na associação, tudo sem enxergar. O restante acompanhará os alunos "sem visão", como se fossem cuidadores.
novo olhar

O objetivo com a ação é despertar nos estudantes um novo olhar sobre a medicina.

"Você só pode cuidar de pessoas quando se coloca no lugar delas", diz o professor universitário Leonardo Aguiar, 36, um dos idealizadores do trote. "Antes, o médico era dono de todo o conhecimento, hoje há outros especialistas e também o próprio paciente, que sabe o que vive no dia a dia."

O presidente da Acevali, Ademar Hausmann, 65, diz acreditar que os calouros poderão sentir o mesmo que ele sentiu quando ficou cego, aos 28 anos, num acidente de trabalho com produto químico.

"Tive que começar a vida do zero. Quando voltei para minha casa, que conhecia há dez anos com visão, quase não conseguia andar. Não tinha mais a clareza dos degraus, a certeza da proximidade das paredes", diz.

Além do trote, cerca de 300 voluntários se unirão no dia 15 para pedir doações para a Acevali, que completou 25 anos de atividade, em semáforos de Blumenau. O objetivo é arrecadar R$ 42 mil, o dobro do ano passado.

Jornal Floripa

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