Sem ovos, rosto pintado nem humilhação. Calouros de medicina de Blumenau (SC) decidiram vendar os olhos para enxergar de outro jeito a vida de pessoas cegas.
A ideia partiu de voluntários da Associação de Cegos do Vale do Itajaí (Acevali).
O trote solidário, com 40 estudantes de medicina da Furb (Universidade Regional de Blumenau), ocorrerá na próxima quinta-feira.
Metade dos alunos será vendada ao acordar. Vão tomar café da manhã, trocar de roupa, estudar e conhecer as atividades desenvolvidas na associação, tudo sem enxergar. O restante acompanhará os alunos "sem visão", como se fossem cuidadores.
novo olhar
O objetivo com a ação é despertar nos estudantes um novo olhar sobre a medicina.
"Você só pode cuidar de pessoas quando se coloca no lugar delas", diz o professor universitário Leonardo Aguiar, 36, um dos idealizadores do trote. "Antes, o médico era dono de todo o conhecimento, hoje há outros especialistas e também o próprio paciente, que sabe o que vive no dia a dia."
O presidente da Acevali, Ademar Hausmann, 65, diz acreditar que os calouros poderão sentir o mesmo que ele sentiu quando ficou cego, aos 28 anos, num acidente de trabalho com produto químico.
"Tive que começar a vida do zero. Quando voltei para minha casa, que conhecia há dez anos com visão, quase não conseguia andar. Não tinha mais a clareza dos degraus, a certeza da proximidade das paredes", diz.
Além do trote, cerca de 300 voluntários se unirão no dia 15 para pedir doações para a Acevali, que completou 25 anos de atividade, em semáforos de Blumenau. O objetivo é arrecadar R$ 42 mil, o dobro do ano passado.
Jornal Floripa
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