domingo, 27 de julho de 2014

Aos 66 anos meia da Perilima quer entrar para história

A segunda divisão do Campeonato Paraibano deste ano promete entrar para a história como uma das mais disputadas nos últimos anos. No total, 15 clubes se inscreveram na Federação Paraibana de Futebol (FPF), e confirmaram presença na competição no Conselho Arbitral da última sexta-feira.

Devem participar da competição o Femar, Inter e Spartak (os três de João Pessoa), Miramar (Cabedelo), SC Lucena (Lucena), Desportiva (Guarabira), Leonel e Perilima (Campina Grande), Serrano (Serra Redonda), Picuiense (Picuí), Cruzeiro e Mil Réis (os dois de Itaporanga), Nacional (Pombal), Sabugy (Santa Luzia) e Paraíba (Cajazeiras).

Entretanto, este ano, a segundona chamará a atenção dos torcedores, não apenas pela quantidade de clubes inscritos que buscarão o acesso a elite do futebol paraibano em 2015, mas a presença em campo do jogador mais velho em atividade. Aos 66 anos, o meia Pedro Ribeiro Lima, o sr. Peri Lima, ainda “bate bola” e insiste em manter o sonho de entrar para o Guinness, livro dos recordes, como o jogador mais velho do mundo em atividade. Figura folclórica, e bem humorada, Pedro espera ajudar o seu time a voltar a primeira divisão do futebol paraibano do próximo ano.


Pedro Ribeiro Lima, assinou seu primeiro contrato profissional, com 43 anos. Atualmente, aos 66 anos, ele continua jogando pela Desportiva Perilima, de Campina Grande, clube que fundou e do qual é presidente. "Ainda tô com um fogo danado, a gente não consegue parar. É um vício que eu peguei, mas me faz bem, me traz saúde, alivia o estresse e ajuda a gente a superar coisa ruim" brinca.

Cabelos grisalhos, olhar profundo e barriguinha avantajada Pedro Ribeiro Lima não é nenhum craque, nem costuma marcar gols. Aliás, tem apenas um gol na carreira e marcado de pênalti. Ele só fez um gol na carreira, de pênalti, em 2007, em jogo oficial. "A festa com os jogadores foi grande, parecia final de Copa, me carregaram e fizeram festa” relembra.

As sordas perimima funcionam como espécie de espinafre que dão força a seu Pedro. Pelo menos ele garante que no produto feito a mel e rapadura, está o segredo da vitalidade. “As sordas são fortificantes” brinca. Aliás, quando termina o experiente na fábrica, Pedro tira a farda, calça a chuteira e vai treinar. No time ele é o dono da camisa 5, e garante que mesmo aos 66 anos, não abre mão se ser titular. Mesmo que o técnico não goste. “Eu gosto de jogar e procurar ajudar o time dentro de campo. O problema é que os jogadores não costumam passar a bola para mim. Dizem que me passam a bola porque sou o presidente. Não ligo não. Sou mais de orientar", brinca.

O jogador reivindica sua entrada no livro de recordes Guinness. Para isso, já foi destaque em várias reportagens em rede nacional. "Pelo que sei, não tem mais velho que eu não" observou. Ele conta que já disputou partidas de várzea, há alguns anos, contra o pai do craque Hulk, sr. Gilvan. Mas ele não conhecia o filho do colega até ele se tornar um jogador famoso. "Eu via ele como mais um menino entre tantos por aqui que gostam de futebol. Não imaginava que ia chegar tão longe. É uma coisa muito boa para a Paraíba o sucesso do Hulk. Ele é um exemplo para o nosso Estado".

A história da equipe é cheia de acessos e descensos. Depois de quatro anos afastada, por causa de uma dívida com a Federação Paraibana de Futebol, já quitada, a Perilima, conhecida como "Águia de Campina Grande", irá jogar a Segunda Divisão do Estadual novamente neste ano. Com Pedro Lima já escalado. Fundado em 1992, o clube foi profissionalizado em agosto de 1998, e estreou em uma partida oficial contra o Santos de João Pessoa, no empate por 1 a 1. O currículo, aliás, não é dos melhores, o que levou ao status de um dos times com desempenho em campo menos bem-sucedido, a exemplo do Sport Campina que no ano passado se transformou em “saco de pancada” do Estadual.

Sem nenhum título profissional, a Associação Desportiva Perilima se orgulha dos cinco vice-campeonatos da Segunda Divisão do Paraibano - sendo um deles disputado com a participação apenas do Perilima e mais um clube -, que garantiram o acesso. - Tentamos ser um time bom, mas ultimamente não temos dinheiro para recrutar os melhores jogadores e pagar - disse Pedro Lima.

Treinando em média de uma a uma hora e meia por dia em um parque da cidade, que ele mesmo diz ter até caixa de areia para realizar circuitos físicos, Seu Pedro mantém a forma, ainda disputa peladas, mas teme por ter de pendurar as chuteiras. - Mas minha vontade é de poder continuar jogando. Não vou correr como o cara mais novo do time, mas com força e o desejo de estar em campo. Sei que aguento os 90 minutos. Não posso prometer produção boa, porque nunca fui técnico, sou voluntarioso (risos). Quem é técnico já nasce com o dom - disse, quase em forma de apelo. Segundo Seu Pedro, sua saúde está bem melhor que há mais de 16 anos, quando fez seu primeiro contrato profissional, com aval do cardiologista. - Para não morrer do coração, achei melhor fazer o contrato para me distrair. Veio a ideia, trouxe divulgação e hoje sou viciado em exercício físico. Não sinto dores nas articulações mais, diminuiu o problema de gastritre, que tinha desde os 30 anos ... - contou Seu Pedro, que, para não ter problemas ao assinar contrato com o seu próprio clube, entregou a presidência ao seu filho Emanuel dos Santos Ribeiro.

O jogador sessentão, de sorriso fácil, só fecha o semblante quando o assunto é a fase atual da equipe. Sem investidores, o clube enfrenta problemas financeiros e só disputará a segunda divisão graças a anistia da taxa de participação concedida pela FPF. Dono de uma fábrica de sordas, uma espécie de bolachas de trigo e rapadura, Seu Pedro utiliza o espaço que dispõe na empresa como sede do clube. Em partidas oficiais o time mandará seus jogos no Estádio Amigão.

Sem os recursos da fábrica, ele já chegou a contar até com a ajuda dos próprios jogadores. Apostando na vontade dos atletas de aparecerem no cenário nacional, Seu Pedro negociou um acordo: eles não teriam salário e jogariam pela vontade de seguir na profissão.

Severino Lopes 

PBAgora

Nenhum comentário:

Postar um comentário