O fato pitoresco só nos remete ao grande escritor brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, quando em um dos seus célebres poemas escreveu “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho…” Neste caso específico a “pedra” é a nomeação feita pelo Presidente da República para que o Senador Ciro Nogueira (PP) do Estado do Piauí ocupe o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil, o maior na hierarquia administrativa, abaixo apenas do próprio Presidente da República, que é o Chefe do Poder Executivo (Nacional).
Essa nomeação do senador Ciro Nogueira mexe fortemente na estrutura política nacional, pois marca a volta de Bolsonaro ao grupo do Centrão, a fim de garantir, definitivamente, a sua governabilidade até o fim de seu mandato.
Em relação à Paraíba, o quadro político toma outro rumo, já que foi anunciado pelo próprio presidente nacional do partido Cidadania, Roberto Freire, que seu partido, o qual pertence o governador João Azevedo, jamais irá se compor com partidos que defendem a uma possível reeleição do Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Este cenário dá uma injeção de ânimo à oposição na Paraíba, já que traça um aspecto importante: a possível candidatura ao Governo do Estado da Senadora campinense Daniela Ribeiro (PP), que, inclusive, se fez presente, na última quinta-feira, ao lado do senador Ciro Nogueira e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, quando da reunião no Palácio de Planalto com o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Por outro lado, deixa o deputado Aguinaldo Ribeiro, no mínimo, em uma situação de vulnerabilidade em relação à sua futura postulação na chapa majoritária com o governador João Azevedo, que vinha numa crescente, mas que, de agora em diante, haverá uma pressão dos governistas, especificamente dos seus aliados fiéis e, essencialmente, do Partido dos Trabalhadores (PT), que não aceitará em hipótese nenhuma uma aproximação com bolsonaristas.
A própria fala do governador João Azevedo na cidade de Monteiro já ficou demonstrado um sentimento de frustração e de um possível afastamento político mais adiante, principalmente quando falou que “a aliança com o (partido) Progressistas em 2018 pode não ser repetida em 2022, [...] mas continuarei conversando com Aguinaldo Ribeiro”.
Essa evidente estratégia do presidente da República tira também qualquer possibilidade do ex-presidente Lula, que estará brevemente na Paraíba para se encontrar com algumas lideranças políticas e entre elas o deputado Aguinaldo Ribeiro, o que deve não mais acontecer, haja vista a pressão que também irá receber por parte da militância petista no Estado da Paraíba.
A verdade é que o reflexo da nomeação do senador Ciro Nogueira para Casa Civil, e a possível filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Progressistas, além de tirar qualquer possibilidade de aliança com o grupo de Aguinaldo Ribeiro e Cícero Lucena, dá um fôlego político às oposições que, a partir de agora, deverão procurar entendimento para fortalecimento do grupo no Estado para formatar uma chapa forte para disputar com o governador João Azevedo em condições de perspectivas de vitória nas eleições do próximo ano.
Diante de tudo que começa a acontecer nessas movimentações políticas, é importante o grupo do governador João Azevedo reavaliar suas estratégias, pois se deixar a oposição ganhar espaço de forma demasiada poderá comprometer sua reeleição.
Por fim, vemos que o jogo está zerado, e que a partir de agora com o provável afastamento do Progressistas do governo estadual, e em uma possível união de força entre PP, PL, PSC, PTB, PSDB, PV e até o PSL, a eleição do próximo ano promete muitas emoções já que dependendo da envergadura das candidaturas não existirá favoritismo político nas eleições de 2022.
Vamos aguardar para conferir, pois teremos confrontos de “gigantes”. A situação resistindo para permanecer no Poder e a oposição com sede de voltar a comandar o Estado da Paraíba a partir de 2023. Serão muitas emoções. Quem viver, verá.
Por Jornalista Gildo Araújo
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