Por Luíz Tôrres - O Brasil exportou, somente em 2024, cerca de 40 bilhões de dólares para o Estados Unidos. Quantos empregos não são gerados para produção desse conteúdo exportado? Quantas famílias, sejam elas eleitoras de Lula ou de Bolsonaro, ou de nenhum dos dois, sobrevivem por causa dessa rota de exportações?
É por isso que não dá para compreender que exista alguém a favor das medidas de Trump em sobretaxar as exportações brasileiras em 50%, a maior penalidade tributária aplicada a um país com negócios nos EUA. Isso se assemelha à espera de OVNIs para salvar as eleições.
O pior é que, se constrangimento algum, Trump oficializa em carta que fez isso como forma de retaliar o país pelo que está sendo feito contra Bolsonaro. Ou seja, crava que é chantagem. Sendo teatro ou não, o fato é que, do ponto de vista comercial, não haveria razão para tamanha “punição”.
Ao pé da letra, Trump sequestrou o Brasil e disse que só libera se Bolsonaro “for solto”.
E Bolsonaro, realmente, merece isso?
Mias importante: independentemente de se concordar ou não que o ex-presidente passa por algum processo injusto em seu país, o que tem a ver os brasileiros pagarem por isso?
Cadê a história do “Brasil acima de tudo”? Ficou de lado ou abaixo. Porque parece que, para salvar sua própria pele, Bolsonaro quer é que o Brasil se exploda.
Aliás, se não estivéssemos todos em transe, mergulhados nessa loucura ideológica, teríamos a clareza de que Trump lascou Bolsonaro, como o cara que aperta a campainha da casa do vizinho ruim e sai correndo para o “amigo” levar a culpa.
Mas, ao contrário, parte da narrativa bolsonarista culpa o próprio Brasil, ou melhor, o próprio Lula, por ter estimulado Trump a fazer o que fez. Nível hard de fanatismo. Isso é o mesmo que culpar a vítima no lugar do estuprador. Aí, só há um vilão: o próprio Trump. E Bolsonaro, sendo “vítima ou não” em processos no Brasil, aplaudindo o ato, um assistente internacional.
Se há eventualmente algum abuso e desrespeito às questões de ordem mundial no tratamento dado a Bolsonaro que isso seja tratado nas instâncias corretas. O que tem a ver o exportador de laranja, o trabalhador no cultivo de soja, o empregado da indústria de ferro ou o vendedor de carne bovina com isso?
Ora, uma coisa são as disputas políticas e as diferenças ideológicas. A outra é prejudicar um país inteiro numa guerra que só tende a destruir negócios nacionais, comprometendo nossos empregos e nossa economia.
Essa reflexão, infelizmente, não fará sentido para muitos. Afinal, já importamos há tempos, e sem pagar taxas, a loucura ideológica que governo o mundo.
Por Luís Tôrres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário