segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desacerto nos números


Júnior Gurgel



REJEIÇÃO – Núcleo Coordenador (PMDB) da campanha municipal de Campina Grande vibrou com dados colhidos através de uma pesquisa, onde a rejeição do Governador Ricardo Coutinho, na Rainha da Borborema alcançou 70% (?).

PERGUNTA – Como a pesquisa não foi registrada - realizada para uso de consumo e logística – se desconhece por completo o questionário aplicado, e a forma como se introduziu o nome do Governador Ricardo Coutinho, submetido à avaliação.

ALVO – Indiscutivelmente, o objetivo da consulta foi identificar dentre os nomes dos pré-candidatos, o que se posicionava melhor no momento. Neste aspecto, equivoco gritante dos Coordenadores, quando inserem o nome do Governador. Fácil de explicar: Ricardo não é de Campina Grande, nunca teve base eleitoral na cidade e não está disputando a sucessão do Prefeito Veneziano Vital do Rego.

INEXPLICÁVEL – Numa leitura lúcida sobre os dados comentados, Daniella Ribeiro (PP) lidera as intenções de votos, seguida por Romero Rodrigues (PSDB), que se distanciaram muito de Tatiana Medeiros (PMDB). Na ótica do “Núcleo Inteligente” do PMDB, vinculando qualquer candidato, ao Governador Ricardo Coutinho, sua “imagem” despenca na popularidade do eleitor. Ledo engano...

ENFOQUE – Sob o prisma da impopularidade de Ricardo em Campina Grande, quem deveria está ocupando o espaço de Romero, era Tatiana. Em nenhum momento Romero desconheceu Ricardo e rejeitou seu apoio. Pelo contrário, tenta entusiasmá-lo com seu projeto.

JOSÉ MARANHÃO – Estes tipos de avaliações atípicas fizeram com que o ex-governador José Maranhão, se equivocasse em 2010. O decano do PMDB gastou toda a sua “pólvora” contra Cássio, mostrando números e dados comparativos de gestões. Maranhão imaginava que atacando Cássio, atingiria Ricardo. Cássio se elegeu Senador, com mais de um milhão de votos. Ricardo foi para o segundo turno, e venceu o pleito com 180 mil sufrágios de maioria.

ESTUDO – A pesquisa é apenas um, dos inúmeros elementos que compõem o complexo estudo, para a formação do perfil de um candidato. Suas avaliações periódicas servem para corrigir rotas, destinadas ao dia da eleição. Não existe indução – através de consultas – que elejam candidatos. Por outro lado, é muito importante se ponderar o poder de transferência de votos (leia-se aprovação de gestões), e de rejeições. Conhecemos poucos exemplos de transferências de rejeições... Existem “descasos”.

2002 – Ex-Governador José Maranhão renunciou em março de 2002, com alto índice de popularidade pessoal. Politicamente, desprestigiado. Dos 36 Deputados Estaduais, apenas oito o seguiram. Cássio Cunha Lima formou uma aliança – considerada impossível – levando para o palanque, adversários vintenários: Wilson Braga e Efraim Morais. Venceu com dificuldades Roberto Paulino, que não havia se preparado ao longo do tempo, para disputa, como o fez Cássio.

RECIPROCIDADE – Campina Grande catapultou Ricardo Coutinho para o Governo do Estado. Na formação da chapa, o Clã Cunha Lima indicou seu vice – o homem missão - Rômulo Gouveia. Instauração de sua gestão acatou todas as sugestões, e os respectivos cargos indicados. Por quem? Claro que por Cássio Cunha Lima

EQUIPE – Dos vinte e dois Secretários de Estado, Campina Grande emplacou dez, mais o Vice-Governador. Isto se traduz numa divisão literal do Governo. Todos os Cargos Comissionados da Rainha da Borborema foram igualmente recomendados pelo Clã Cunha Lima, adicionando-se alguns adjuntos, e membros do segundo e terceiro escalão - além das Autarquias - e Empresas de Economia Mista. O que Campina tem contra Ricardo? Se alguém quer demonstrar sua insatisfação, o endereçado é o Clã Cunha Lima.

NOMES – Ricardo Barbosa – Secretário Especial das Obras do PAC; Fábio Maia – Secretário da Juventude Esporte; Gustavo Nogueira – Secretário de Planejamento e Gestão; Harrison Targino – Secretario de Administração Penitenciária; Renato Feliciano – Secretário de Turismo; Marcos Procópio- Secretário de Ciência e Tecnologia; Manoel Ludgério – Secretário de Articulação dos Municípios; Débora Maciel - Secretária de Interiorização; Fábio Medeiros – Secretário Executivo do Meio Ambiente; Severiano Pedro Nascimento – Delegado Geral da Polícia Civil; Luzemar Martins – Controladoria do Estado (indicação pessoal de Cássio) e Efraim Morais – Secretaria de Infraestrutura (com endosso de Cássio), respaldado na sua votação em Campina Grande, batendo Vital Filho.

POPULARIDADE – Queiram ou não, Ricardo entregou seu destino (em Campina Grande) ao Senador Cássio Cunha Lima, o vice-governador Rômulo Gouveia e a lista acima citada. Se eles não estão defendendo a altura, sua própria “cria”, a “criatura” está sendo “rifada” por descaso, ou insatisfações intramuros, no seio do poder.

AUSÊNCIA – Não há registro desta equipe circulando em Campina Grande, debatendo e discutindo através do rádio, as ações do Governo que integram. Caberia aos “escolhidos”, e em especial ao Vice – Governador, tratar de temas polêmicos e eminentemente Campinenses, como o caso da UEPB.

ARACILBA ROCHA – A Secretária é “satanizada” por Campina Grande - desde sua traição ao poeta, nas convenções de 1998 - inadvertidamente se imiscuiu nas questões da UEPB. Aracilba compôs as gestões Maranhão I e II, período que a UEPB de “cuia na mão”, suplicava por verbas e aumento salarial, acampada em frente ao Palácio da Redenção. A tarefa de conversar com a Reitora? Caberia a um Campinense, ligado ao Clã Cunha Lima, redentor da aflição que viviam corpos docentes e discentes da UEPB.

ESTRATÉGIA – A única tática correta dos pré-candidatos a Prefeito de Campina Grande tem sido adotada por Daniella Ribeiro. Não discute “idolatria”, não é “patrocinada” pelo Poder Municipal ou Estadual, nem admite ser “cópia” de nenhum dos “Caciques” da tribo. Vêm construindo um diálogo com o povo - identificando aspirações e anseios - ferramentas que serão utilizadas em seus discursos de campanha.

TATIANA MEDEIROS – Talvez estivesse em posição bem melhor, que a do momento, se representasse ela mesma. Mostrar que é uma versão do sexo oposto, porém semelhante a Veneziano! A imitação despersonaliza por completo um candidato. Impressão digital e personalidade são inigualáveis.

ROMERO RODRIGUES – Tenta atrair Cássio para se empenhar na campanha. Segundo Zé Gotinha – que fala o que pensa os Cunha Lima – Pedro, filho de Cássio é o nome que Romero defende para ser seu vice.

LICENÇA - No bojo do projeto de Romero Rodrigues - comentou Zé Gotinha - se inclui uma licença de Cássio por 120 dias, para seu suplente Deca Assumir. Esta licença seria a partir de julho. Seu objetivo é vir para dentro de Campina – acompanhado do Governador e do vice – lutar por Romero e Pedro.

HISTÓRIA & ESTÓRIAS – Nas eleições municipais de 1982 – ainda existia a sublegenda – o PDS lançou inicialmente Vital do Rego como o primeiro da legenda. Era o desejo de Enivaldo Ribeiro, imposto pelo Tribuno. Mas, Williams Arruda que também era do PDS, lançou sua candidatura e não aceitava ser o segundo. Foram para disputa, venceu Williams que tinha simpatia da maioria do Diretório Municipal. Profundamente contrariado, o Tribuno estava errado apenas num aspecto: três candidaturas, quem se dividia era o Governo, oferecendo oportunidade de vitória para oposição, já que não existia segundo turno. No decorrer da campanha, o quadro foi se desenhando exatamente como determina à lógica. Ronaldo Cunha Lima (PMDB) representava a oposição. A situação se dividia entre Williams e Vital. As mágoas – em função do tratamento diferenciado - seriam inevitáveis, como de fato ocorreu. Faltando pouco mais que 60 dias para o pleito (ainda em 15 de novembro), o PDS chegou à conclusão, que era necessário mais um candidato, como uma opção a mais para tirar votos do PMDB. Lançaram a chapa Moisés Lira Braga e Jornalista Tarcísio Cartaxo. Moisés era conhecido como o homem mais “amarrado” de Campina Grande. Quem bancaria? José Carlos da Silva Júnior, que disputava a vice-governança, ao lado de Wilson Braga. Certo dia, passamos para dar uma olhada na movimentação do comitê de Moisés. Surpreendemo-nos com uma discussão acalorada entre ele e o vice. Indagamos o motivo... Cartaxo respondeu: “Moisés não quer que jogue panfletos nas ruas, nem se distribua. A não ser que o cidadão prove que já é eleitor, mostrando o título... O dinheiro sequer sai do bolso dele!” Moisés respondia: “Sempre fui contra esta estória de dar... José Carlos não merece isto! O povo está rasgando seu dinheiro”. Percebemos que a quarta via e nada, era (e foi) a mesma coisa.

Júnior Gurgel é Jornalista, já exerceu funções de Direção no Diário da Borborema (1973/1977). Ex-assessor de Imprensa da Associação Comercial de Campina Grande; da extinta CONDECA; Gerente da Sucursal do Correio da Paraíba em Campina Grande (1978); Ex-Superintendente do Jornal da Paraíba (1982/1986); Apresentador de programa político na Tambaú FM (2000/2002); Diretor e Comentarista Político da Rádio Sanhauá (2003/2005). Âncora do programa Debate Borborema – Rádio Clube de Campina Grande (2006/2009). Foi Prefeito de sua terra natal – Caraúbas (RN) e Presidente da Associação dos Municípios da Região de Mossoró e Médio Oeste. Contatos: rgjrn@hotmail.com. Twitter: @JGurgelcoluna.

MaisPB.

Um comentário:

  1. Cristiano, parabéns por disponibilizar aos leitores de seu blog o comentário abalizado do JUNIOR GURGEL. O colunista do MaisPB é hoje o melhor e mais bem informado articulista da política paraibana. Suas colunas trazem ponderações e revelações calçadas no bom jornalismo feito apenas pelos fatos e que são tratados de forma imparcial. Esperamos que sempre que for possível o camarada reproduza suas colunas para o deleite daqueles que buscam no seu blog a opinião imparcial e plural.

    Um abraço,
    Jr. Galcíncio

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