quinta-feira, 30 de julho de 2015

Robson Maia - Uma Saudosa Voz

Por Flaviana Oliveira

Robson  Maia
Muitos acreditam que fazer uso da voz é um dom; outros creem, que a arte de falar em público pode ser explorada por um bom profissional e após algumas práticas, o candidato a locutor ou alguém que se sente bem falando em público, vai aprimorando seu talento e expondo suas habilidades. Mas, uma coisa é certa: para ser um bom falante, o candidato deve-se habituar a embarcar no mundo da linguagem: o inimaginável planeta da leitura, que permite variadas viagens à mente humana em seu próprio habitat. É altamente benéfico tanto para o crescimento intelectual quanto para o desenvolvimento mental e terapia ocupacional.  O domínio de público e a criatividade com a voz serão apenas detalhes; quando o indivíduo acredita que é possível alcançar o objetivo desejado. Após vencer os desafios iniciais, o indivíduo consegue ultrapassar as barreiras que a própria mente é capaz de limitar. Quando a espontaneidade já tornou-se marca na face do comunicador, o ser já conseguiu escrever sua própria História, e possivelmente ajudará outras pessoas a tornarem-se protagonistas no cenário social.
 É com esta breve discussão acerca da arte de falar que, venho aqui externar a minha alegria em citar na abertura desta sala de visita, o estimado radialista: Robson Morais Maia, alagoinhense de berço e de coração, nascido em 08 de dezembro de 1957; um ser criado pela capacidade divina que se portava de forma eloquente perante os microfones. Ainda me vem à memória o ano de 1989 quando em meio a minha formação de personalidade na infância, as conversações adultas pareciam transplantar a minha mente em um imaginário que não me era comum. Burburinhos de um cenário político, marcado por um contexto de corrupção no país; era a pauta em algumas manhãs na Pedra do Anel do Brejo, a Pequenina Lagoa, local onde a cultura de subsistência cedeu lugar para outras atividades no decorrer dos anos. Alagoinha Serra de Boi como dantes era conhecida; se a observarmos, um pouquinho do verde da serra ainda subsiste. Ah!!!  Alagoinha de tantas histórias: da Serra do Salitre, da Pedra da Moça. Como foi bom ter sido embalada por essas histórias em teu berço; a terra de Geraldo Beltrão como também é conhecida, local onde a política sempre deixou suas marcas presentes. O contexto da corrupção política não apresenta diferença no momento atual, no entanto, a voz altissonante daqueles dias já repousa em seu lugar eterno.
Um homem simples, porém com uma alma gigante. A eloquência e sabedoria eram patentes em suas palavras. Ao se pronunciar, Robson Maia conseguia manter o público cativo ao entendimento da sua voz – mães de família, pais de família e até crianças. O homem que habitava lá no pé da serra, tinha prazer em ouvi-lo, pois sabia que ele o representava. O estimado locutor conseguia chegar ao agricultor e ao doutor.  Que bom ter o privilégio, ainda quando criança de ouvi-lo... Recordo-me da maneira à qual ele se conduzia em suas palavras: sua alegria, sua forma de defender com garra aquilo que acreditava.  Não há como esquecer, suas referências à Escola Agrícola Vidal de Negreiros na cidade de Bananeiras onde estudou. De forma poética, a voz saudosa expunha as citações dos conceituados autores paraibanos: José Américo de Almeida e sua obra: A bagaceira.  O palco do radialista estava pronto e o homem da voz firme, narrava com desenvoltura sobre os recônditos de Areia – esta encontrava sempre doçura em sua boca.  E quando o doce já parecia virar mel, o destilante sabor que existe na vida de um ébrio era declamado por ele: “A ninguém nunca eu contarei a história dos que, como eu, foram buscar a Glória, e que, como eu, irão morrer também”. As atribuições apresentadas pelo poeta secular - Augusto dos Anjos eram parte de sua oratória. Um sonhador na Pequenina Lagoa; Uma voz que conseguia romper com as barreiras da insensibilidade.  Deus foi muito generoso em me permitir conhecer alguém com um talento único.  Para validar estas palavras, contemporâneos deste estimado homem, poderão confirmar os aspectos da intelectualidade que existia dentro dele. Uma voz que foi silenciada – a voz aguerrida, a voz sofredora, a voz firme, a voz do cidadão alagoinhense. A voz que não se limitava a voz do cidadão Robson Maia; a voz se representava como  a voz polifônica da classe  menos favorecida. E como tudo na vida  necessita de investimento, este cidadão era admirado por um grupo de pessoas e  muitos faziam parte do círculo de escuta da sua voz. Para o momento, vale ressaltar dentre tantos cidadãos: Antônio Vicente de Oliveira, Nelson Carvalho Freire, Vicente de Lucena Beltrão e Manuel Rodrigues de Oliveira.
A saudosa voz discursava em muitas manhãs e fins de tardes na Pequenina Lagoa. O artista da voz, sempre dotado de espontaneidade e eloqüência arrancava respeito e admiração pela perfeita oratória que apresentava ao se pronunciar. Uma voz que se calou, mas que perdura nos corações de quem o ouviu. Ainda me vem à memória a triste notícia de que, uma úlcera estomacal o tirou de nosso convívio. Era 05 de abril de 1997 quando o  microfone foi desligado e a Pequenina Lagoa não contendo tamanha dor, transbordou suas lágrimas com todo pesar e silêncio profundos. As cordas vocais de uma garganta desbravadora cessaram o seu trabalho. O coração pulsante e valente que nutria valor por sua terra, sua gente, seus entes queridos entrou em descanso. Foi-se um articulador honrado nas palavras. Robson Maia, um radialista querido e acolhido por todos.
Se foi um filho, um esposo, um pai, uma voz, um amigo leal, um cidadão de bem na pátria amada. No entanto, a sua missão foi cumprida, o legado de sua intelectualidade e cultura foi semeado nos corações de todos aqueles que o conheceu. Sua semente plantada com aquela que ele dividiu todos os momentos de sua vida, Joana, sua esposa. Desse relacionamento, as flores concederam frutos: Jordana e Zaíra: “as pérolas que ele tanto mencionava”.
Descanse em paz nobre amigo e influenciador de algo tão instigador que é o apaixonante mundo da comunicação.

Flaviana Oliveira

5 comentários:

  1. fabio aurelio30/07/2015, 11:13

    trabalhamos juntos na radio rural ,,

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  2. Obrigada nobre amigo, Cristiano Alves. Sucesso na sua trajetória!

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  3. jordana macena maia31/07/2015, 11:06

    Agradeço a vc Flaviana em meu nome e em nome de minha mae Joana e minha irma Zaira e dos demas q fazem parte da família Maia pela tamanha homenagem . ficamos bastante emocionados com as lindas palavras e as grandes lembranças relatadas neste texto.. A vc Cristiano Alves o nosso agradecimento por também fazer parte desta singela homenagem pulbblicando em se blog esta reportagem q e de tao grande valia para nossos familiares... muitíssimo agradecida a todos.....

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  4. Flaviana,minha xará.
    Me emocionei muito com sua matéria sobre o Robson,ou melhor, Robinho.
    Tive o privilégio de ter sido amigo de infância do Robinho.
    Tenho muitas recordações das nossas conversas analisando os filmes de tínhamos de ver no cinema do Kodak.
    Porém ,sai de Alagoinha há mais de quarenta anos, e voltei poucas vezes,não sabia da impotancia do Robinho para a pessoas da lagoa pequena.
    Estudamos,no Joaquina Moura.....eita grupo escolar maravilhoso.
    Parabéns pela sua matéria...!
    Sai de Alagoinha....mas Alagoinha nunca saiu de mim....!

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