Cerca de 60 jovens rurais, quilombolas, indígenas e representantes de entidades juvenis e movimentos sociais da Paraíba estiveram reunidos, no último fim de semana, 22 a 24 de agosto, na cidade de Alagoa Grande no Brejo Paraibano, participando do Seminário “Fala Juventude! Jovens construindo e exercendo cidadania”.
A atividade aconteceu no Centro de Formação e Treinamento de Professores do Estado, no centro de Alagoa Grande. A programação teve início na noite da sexta-feira, 22, com a chegada e a acolhida dos jovens que vieram de várias partes do estado. No sábado, dia 23, o trabalho teve início ao som da Toré, dança e manifestação cultural indígena, conduzida pelos/as jovens indígenas participantes do evento.
Em seguida, foi feita uma análise coletiva da situação da representação política na Paraíba, quando os/as jovens fizeram uma reflexão sobre as configurações do poder no seu estado. Sonia Marinho, educadora do CENTRAC, facilitou este momento e lembrou a importância de analisarmos com todo cuidado os/as candidatos/as nos quais pretendemos votar: “Precisamos olhar para os seus planos de governo e olhar
também para as suas vidas, e qual tem sido a sua conduta. Muitos deles/as já exerceram mandatos e precisamos verificar se cumpriram com o que prometeram quando estiveram no poder”, disse. A manhã foi encerrada com a apresentação da Banda Marcial de Alagoa Grande, formada por crianças alunas do ensino fundamental do município.
Na parte da tarde, os participantes do encontro se dividiram em sete grupos de trabalho sobre temas que interessam diretamente às juventudes, como: Cultura, comunicação, liberdade de expressão; Participação política, cidadania e representação juvenil; Enfrentamento à violência, segurança pública e acesso à justiça; Educação, profissionalização, trabalho e renda, entre outros. Nos grupos, os/as jovens discutiram os
principais problemas em cada um dos eixos temáticos e quais as suas propostas para o enfrentamento de cada um. Também foi pedido a cada um dos grupos que, com base na discussão, propusessem uma frase para substituir o “Ordem e Progresso” da bandeira do Brasil. A parte da noite foi dedicada a integração entre os participantes com uma noite cultural.
Paulo dos Santos tem 15 anos e vive entre duas aldeias do município do Conde, no litoral da Paraíba, Barra de Gramame e Vitória. Ele participou do debate no grupo que discutiu a cultura, comunicação e liberdade de expressão e conta que é comum as pessoas, por falta de informação desrespeitarem a cultura indígena: “As pessoas confundem a nossa maneira de reverenciar a natureza e a Toré, com religião, que na verdade nós não temos. Nossa cultura e nossas tradições vem sendo desrespeitadas há séculos, por isso sempre fazemos questão de marcar presença nos vestindo caracterizados, com cocar, colares, pois nosso povo já foi silenciado demais”, afirmou.
No terceiro e último dia do seminário, os grupos de trabalho do dia anterior socializaram as suas propostas e as frases que escolheram para a bandeira do Brasil. Entre as propostas levantadas estão: a criação de um programa que viabilize a carteira nacional de habilitação (CNH) específico para a juventude; a realização de campanhas publicitárias de sensibilização contra opressão cultural; criação de mecanismo de incentivo à iniciativa de grupo de jovens, exemplo de um fundo de incentivo exclusivo á participação juvenil; capacitação para artistas e agentes culturais garantindo a igualdade de condições para competir em editais;
criação de mais espaços de lazer e convivências nas periferias; formação em cidadania e direitos humanos com participação de entidades da sociedade civil para policiais militares, entre outras. Todas as propostas foram debatidas em plenária e irão compor uma Carta Política que será entregue aos candidatos ao Governo do Estado da Paraíba.
Jovens franceses – Um grupo de cinco jovens franceses que está visitando as experiências do Centrac, entre os dias 18 e 25 de agosto, esteve presente no Seminário. Eles venceram um concurso musical realizado pelo Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento – CCFD, entidade francesa de cooperação internacional parceira do Centrac e ganharam a viagem ao Brasil. O grupo, formado por dois meninos e três meninas, acompanhados por dois tradutores, partilhou um pouco das suas impressões sobre o evento e comparou um pouco da realidade dos/as jovens brasileiros/as com a dos/as franceses/as. De acordo com os/as jovens estrangeiros/as, que participaram pela primeira vez de um evento como este, a juventude brasileira é muito mais ativa no sentido de debater e cobrar por políticas públicas, avaliam que, na França, devido ao acesso as políticas ser mais integral, as pessoas acabam esquecendo de avaliar e principalmente de lutar por mais direitos.
O Seminário teve como objetivos promover um debate sobre a conjuntura política além de promover um espaço para a construção de propostas de políticas públicas para a juventude, construir coletivamente uma pauta de demandas das juventudes da Paraíba para as eleições 2014. A iniciativa é da Campanha “Juventude Participa!” do Centro de Ação Cultural – Centrac, da Associação de Juventude pelo Resgate à Cultura e Cidadania – Ajurcc, Rede de Jovens do Nordeste, Rede de Educação Cidadã, Pro-adolescente, mulher, espaço e vida – Proamev e Rede Ecumênica de Juventude – Reju. O seminário contou com o apoio do Coletivo Calangos Livres de Sumé-PB e da Campanha “Te toca, nos toca”, uma iniciativa do Programa Mercosul Social e Solidário – PMSS.
CENTRAC
Nenhum comentário:
Postar um comentário